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Reflexão de Terreiro

Quem não está para doar também não está para receber…

Todos querem…

Todos querem incorporar o Erê mais fofo, o Caboclo mais forte, o Pai-Velho mais sábio, o Exú ou Pomba Gira mais temível.

Poucos incorporam as doutrinas, os ensinamentos, os alertas, os conselhos, as recomendações…

Todos querem fazer trabalhos nas matas, nas praias, nas montanhas, nos rios, nas estradas, no cemitério….

Poucos querem varrer o chão, tirar o lixo, lavar a louça, arrumar as cadeiras, justamente no Terreiro onde os Orixás, Guias e Protetores trazem sua luz…

Todos querem trabalhar com oferendas de velas, ervas, alguidares, elementos mágicos….

Poucos querem raspar a tábua, esvaziar os cinzeiros, lavar os alguidares, raspar o respingo de vela..

Todos querem aprender mirongas, banhos, encantamentos, fórmulas, pontos riscados…

Poucos querem respeitar a hierarquia, acatar as normas, saudar e respeitar o chão santo…

Todos querem ver, ouvir, sentir, receber intuição…

Poucos querem ouvir as razões, ver as fraquezas, sentir a sensibilidade, intuir as carências de seu irmão…

Todos querem firmar o congá, cruzar imagem, vestir o branco, cantar pontos, bater palma, riscar a tábua…

Poucos querem ter humildade, serenidade e sinceridade…

Todos querem a roupa mais vistosa, a Guia mais elaborada, o chapéu, o brinco, a capa, a saia, o instrumento mais exótico…

Poucos querem se vestir com a armadura da fé, se vestir com as armas da coragem… e pior ainda, não querem se despir do orgulho, da vaidade e da arrogância…

Todos querem, poucos fazem

Todos querem, poucos recebem.

Todos reclamam, poucos aprendem.

Poucos olham pra dentro de si mesmos ou para o lado…

A UMBANDA quer ser para todos,

mas a UMBANDA, infelizmente, é para poucos…